solidariedade

VÍDEO: dona de casa fabrica e entrega pães a recicladores no centro de Santa Maria

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

A dona de casa Adriana Carnelosso, 46 anos, tem trabalhado bastante no período de isolamento social por conta do coronavírus. Há mais de 20 dias, ela passa a manhã fabricando pães que acabam nas casas de recicladores no final do dia. Moradora da comunidade de Canabarro, no interior de Santa Maria, ela conta que numa das idas ao Centro, viu que, entre os poucos trabalhadores que permaneciam nas ruas, estavam aqueles que recolhiam material descartável. Com o fechamento do comércio não essencial, ela percebeu o impacto da medida na mesa dessas famílias e teve a ideia de fazer pães para os recicladores.

Adriana e o marido Rafael Lopes, 33 anos, entregam cerca de 40 pães por dia. Além disso, alguns já ganharam doação de sabão para ajudar na higienização, uma das principais ações para a prevenção ao coronavírus.

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O casal mora em um sítio a 12 quilômetros de distância da cidade. Rafael é pedreiro, mas, com a pandemia, tem conseguido pouco trabalho. Eles vivem da pequena criação de galinhas e do plantio de produtos, como mandioca e verduras. A comercialização também tem sido difícil neste período, já que os fregueses resistem em receber os vendedores. Segundo ela, a produção dos pães começou com cinco quilos de farinha, que tinha em casa.

- Fomos fazer a entrega e, conversando com esses trabalhadores, vi que a situação era muito mais séria. A polícia dizia para eles irem embora, mas eles não podiam, porque precisavam levar alguma coisa para casa. Alguns choraram na minha frente. Foi aí que tive ideia de pedir para tirar foto com eles para que eu pudesse postar e arrecadar doações para continuar fazendo os pães.

Depois da primeira postagem, a iniciativa ganhou a adesão de mais pessoas.

- Fui criticada por postar a ação, mas foi assim que consegui continuar. Ganhamos farinha, azeite, ovos, gás, embalagens e até um forno elétrico, que eu não tinha. Até dinheiro para o combustível já chegaram a doar, porque a gente roda bastante a cidade - conta a dona de casa.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
O recilador Ibanes de Mello Crescencio, 49 anos, agradece a ajuda em tempos de dificuldade de geração de renda

AJUDA EXTRA
Como Adriana tem Síndrome do Túnel do Carpo, um problema causado pela compressão de um nervo entre a mão e o punho, tinha dificuldade de sovar a massa. A cuidadora de idosos Marlene dos Santos, 55 anos, vizinha de Adriana, fazia pães para vender para adquirir renda extra. Ela abriu mão do ofício complementar para emprestar o cilindro elétrico.

- Para mim, ainda surge um plantão vez que outra. Nesse momento, eles (recicladores) estão precisando mais, e essa foi a minha maneira de ajudar - relata Marlene.

A ajuda de Adriana não se limitou à doação de pães. A dona de casa também chegou a entregar cestas básicas na casa dos novos amigos, cozinhou um "puchero" para famílias no Bairro Divina Providência, e até tentou fazer o cadastro de alguns deles para receber o auxílio emergencial do governo federal:

- Eles não têm telefone. Tentei fazer (o cadastro para o auxílio) pelo meu celular, mas não consegui. Essas pessoas não estão em casa esperando alguém levar uma cesta básica. Eles estão nas ruas, se expondo - conta.

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Bibiana da Rosa dos Santos, 25 anos, umas das recicladoras que recebe os pãezinhos, detalha a realidade que os trabalhadores têm enfrentado:

- Como as lojas ficaram fechadas, não conseguimos recolher quase nada. Estamos com dificuldade de vender, porque algumas empresas não querem o papelão, porque dizem que o vírus fica ali (no material). O preço também está muito baixo.

Luismar de Freitas Pires, 27 anos, marido de Bibiana, também é reciclador. Ele diz que a maior dificuldade da família tem sido comprar leite e comida para os filhos Gabriel, de 1 ano, e Isabeli, de 4 anos.

Interessados em colaborar com a ação solidária podem entrar em contato pelo telefone (55) 99728-7573.

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